
Fator humano e tecnologia são elementos centrais para construção de soluções inovadoras para cidades
Com o processo de intensificação da urbanização a cidade se tornou o principal ambiente onde as relações sociais, culturais e econômicas acontecem. Embora muitas vezes acreditemos que a cidade é algo exterior a nós, como um organismo à parte, sua origem etimológica “condição de cidadão” aponta que, na verdade, ela é o resultado das interações das pessoas que moram/vivem nela, e é por isso que adjetificá-la de “inteligente” faz muito sentido.
Já inteligência, em seu significado original, é a capacidade de um indivíduo em fazer escolhas certas dentre opções disponíveis. Sendo assim, entende-se que para trilhar os caminhos de uma cidade inteligente é necessário, sobretudo, pessoas inteligentes, disponíveis e abertas a se organizarem de forma equilibrada e justa, otimizando seus recursos e melhorando a qualidade de vida coletivamente através de um constante processo de tomada de decisão.
O termo Cidades Inteligentes vem ganhando espaço na discussão global quando o assunto é inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável e aprimoramento da qualidade de vida nas cidades, e como resultado, vivenciamos uma busca crescente por soluções inovadoras, e hoje, este mercado já movimenta mais de US$ 79,3 bilhões na economia global, com projeções de chegar a US$ 2,4 trilhões em 2025, segundo estudo da consultoria Frost & Sullivan.
Na literatura científica, fala-se muito da tecnologia como a base para o desenvolvimento das cidades inteligentes. Para os pesquisadores da área, uma cidade inteligente é aquela que busca melhorar o desempenho urbano usando tecnologias para fornecer serviços mais eficientes aos cidadãos, monitorar e otimizar a infraestrutura existente, aumentar a colaboração entre diferentes atores econômicos e incentivar modelos de negócios inovadores e sustentáveis nos setores público e privado.
Na lente apresentada aqui, reconhecemos a importância da tecnologia mas entendemos ser o fator humano o elemento central deste processo, uma vez que a tecnologia sem ser compreendida pelas pessoas, absorvida pelas organizações e testada em um ambiente seguro e compartilhado, não gera o valor necessário para a superação dos nossos desafios mais complexos. É verdade também que problemas complexos demandam grandes esforços de articulação, por isso é importante que estes esforços sejam contínuos e sustentados em um ambiente seguro, com a metodologia adequada, promovendo a conexão, colaboração e prototipagem de soluções. É fundamental que todos esses processos sejam conduzidos integrando toda a diversidade existente nas cidades e que metodologias inclusivas sejam aplicadas para uma participação efetiva da população.
Nesse sentido, o Impact Hub São Paulo, há mais de 10 anos, co-cria espaços físicos e relacionais para soluções inovadoras e projetos de impacto através de Hubs conectados a causas e/ou objetivos específicos de impacto junto a parceiros de diferentes setores, e esses espaços auxiliam na promoção do encontro e articulação de diversos atores sociais, de governos à negócios, desenhando soluções inovadoras co-criadas entre eles.
O Impact Hub executor do IdeiaGov, o hub de inovação aberta do Governo do Estado de São Paulo, uma iniciativa das Secretaria de Governo, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, lança agora o Programa de Aceleração: Cidades Inteligentes, Sustentáveis e Humanas. Este programa aplica um olhar mais amplo para as cidades inteligentes e entende que para que ela seja de fato inteligente, é fundamental que ela seja sustentável e atente para as relações humanas. O programa já conta com a parceria de diversas cidades do Estado de São Paulo e os negócios de impacto que apresentarem soluções relevantes terão a oportunidade de estar diretamente conectados com cidades que poderão testar e integrar as soluções na ponta.
“Acreditamos que, com uma abordagem focada no fortalecimento das relações entre os diversos atores sociais e na promoção de espaços de conexão entre eles, as cidades não serão apenas inteligentes, mas também resilientes e sustentáveis para as pessoas que vivem nelas.”
Por Estela Damato e Henrique Bussacos do Impact Hub Sao Paulo.
* Estela Damato é especialista em Economia Urbana e Gestão Pública e Coordenadora da Área de Parcerias Multi-Stakeholders do Impact Hub São Paulo.
* Henrique Bussacos é mestre em Desenvolvimento Socioeconômico, Administrador Público e Diretor Executivo do Impact Hub São Paulo.
Crédito de foto: André Moura/Pexels
Artigo originalmente publicado no UOL, caderno Folha Social:
Cidades inteligentes: agenda para construção de parcerias – 19/05/2022 – Folha Social+ – Folha (uol.com.br)